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Brasil amplia vacinação contra hepatite A para usuários da PrEP: proteção, prevenção e resposta ao novo perfil epidemiológico

O Ministério da Saúde anunciou uma importante ampliação no calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS): a vacina contra a hepatite A passa a ser indicada também para os usuários da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV. A medida visa conter surtos entre a população adulta, que atualmente concentra a maior parte dos casos da doença no Brasil.

A decisão tem base em dados epidemiológicos e marca uma resposta proativa do governo federal às mudanças no cenário da hepatite A, doença viral que afeta o fígado e pode gerar complicações graves, sobretudo em adultos. Até então, a vacinação era direcionada prioritariamente ao público infantil. Agora, com mais de 120,7 mil usuários de PrEP cadastrados no SUS, o Ministério da Saúde projeta imunizar ao menos 80% desse público, promovendo um avanço relevante na saúde pública brasileira.

🧬 Por que a vacina contra hepatite A agora inclui usuários da PrEP?

Desde 2014, o Brasil oferece a vacina contra hepatite A para crianças de 12 meses a menores de 5 anos. Com essa política, o país observou uma redução de mais de 95% dos casos entre crianças, o que modificou o perfil da doença: ela passou a incidir com maior frequência entre adultos.

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, essa mudança exige uma readequação das estratégias preventivas. “A partir do momento que garantimos a vacinação do público infantil, a hepatite A passou a ter maior concentração no público adulto. Com esta ampliação, vamos reduzir riscos de internação, casos graves e óbitos pela doença no SUS”, explicou.

A hepatite A é causada por um vírus transmitido principalmente por via fecal-oral, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertava, desde 2016, para o aumento de casos relacionados a práticas sexuais, mesmo em países com baixa endemicidade. Foi o que se observou no Brasil a partir de 2017, com surtos concentrados em grandes centros urbanos, como São Paulo.

Esses surtos revelaram um padrão: predominância de casos entre homens que fazem sexo com homens, que representam hoje a maioria dos usuários de PrEP. Assim, a inclusão deste grupo como público-alvo da vacina é uma medida baseada em evidências científicas e em dados consolidados de vigilância em saúde.

💊 O que é PrEP e qual a relação com a nova medida?

A PrEP é um medicamento de uso contínuo que previne a infecção pelo HIV e está disponível gratuitamente no SUS. Trata-se de uma estratégia fundamental dentro da política nacional de prevenção combinada, que também envolve o uso de preservativos, testagem frequente, vacinação e acompanhamento clínico.

Atualmente, mais de 120 mil pessoas fazem uso da PrEP no Brasil, e a maioria delas pertence ao grupo de homens que fazem sexo com homens – justamente o mais vulnerável aos surtos recentes de hepatite A. Portanto, a vacinação dessa população é um passo crucial para evitar novas ondas da doença e proteger uma comunidade que historicamente enfrenta maior risco de infecções sexualmente transmissíveis.

📆 Como será feita a vacinação?

A imunização ocorrerá por meio de duas doses, com intervalo de seis meses entre elas. Para ser vacinado, o usuário deverá apresentar a receita médica da PrEP. Os locais de aplicação das doses serão os serviços de referência onde os medicamentos da PrEP são retirados, facilitando o acesso.

Além disso, a ação será acompanhada de estratégias de comunicação e mobilização para garantir que os usuários tenham informações claras e consigam se vacinar a tempo. A expectativa do Ministério da Saúde é atingir 80% de cobertura vacinal nesse grupo, meta alinhada aos parâmetros internacionais de controle de surtos.

📊 Queda nos casos entre crianças, aumento entre adultos

Com a vacinação infantil universal, os números de hepatite A entre crianças caíram vertiginosamente no Brasil. Em 2013, foram registrados 6.261 casos da doença; em 2021, esse número despencou para 437 casos em todas as faixas etárias — uma redução de 93%.

No recorte etário, entre menores de 5 anos, a redução foi de 97,3%; entre crianças de 5 a 9 anos, 99,1%. No entanto, em 2023, o país viu um novo aumento de registros: 2.080 casos, sendo 1.877 em adultos com mais de 20 anos, dos quais 69,5% eram homens.

Esses dados acenderam um alerta nas autoridades sanitárias, que identificaram a necessidade de novas estratégias para conter o avanço da doença nesse grupo. A ampliação do público-alvo da vacina é uma dessas respostas, focada em interromper a cadeia de transmissão e evitar a sobrecarga nos serviços de saúde.

🌍 Vacinação como ferramenta de equidade em saúde

Ao incluir usuários da PrEP na campanha de vacinação, o SUS reafirma seu compromisso com o acesso universal à saúde e com o combate às desigualdades. A medida também fortalece a prevenção combinada ao HIV, promovendo mais proteção para uma população vulnerabilizada e frequentemente estigmatizada.

Além disso, a ampliação da vacinação ajuda a evitar que a hepatite A avance para quadros mais graves, reduzindo o número de internações e mortes evitáveis. É uma política pública que une prevenção, cuidado e respeito à diversidade.

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