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Tecnologia e Inclusão: Como Sensores de Glicemia Podem Impactar o Acesso à Educação

O recente caso de um adolescente com diabetes tipo 1 desclassificado do ENEM devido ao acionamento de seu sensor de glicemia abre espaço para discussões sobre como a tecnologia pode tanto ajudar quanto criar novos desafios para estudantes com necessidades específicas.

Este incidente em Sobradinho, no Rio Grande do Sul, revela a necessidade de revisitar as políticas de inclusão em provas de larga escala e desperta interesse sobre o funcionamento e a importância desses dispositivos para o monitoramento de saúde.

A Tecnologia por Trás dos Sensores de Glicemia

Sensores de glicemia são dispositivos tecnológicos projetados para monitorar continuamente o nível de glicose no sangue, uma função essencial para pessoas com diabetes tipo 1, que possuem pouca ou nenhuma produção natural de insulina. Entre as tecnologias mais usadas está o sistema de monitoramento contínuo de glicose (CGM, Continuous Glucose Monitoring), que usa sensores implantados ou fixados na pele para medir a glicose no fluido intersticial (líquido entre as células) em intervalos regulares.

Esses dispositivos são conectados a um aplicativo de celular, que alerta o usuário em casos de hipoglicemia (baixos níveis de glicose) ou hiperglicemia (altos níveis de glicose).

O sensor emite sinais via Bluetooth para o aplicativo, e o alerta pode soar mesmo se o celular estiver em modo silencioso, pois o aviso é vital para que o usuário tome medidas rápidas. Para adolescentes como o estudante envolvido, esse alarme pode ser uma linha de defesa crucial contra crises glicêmicas, mas, como vimos, o mesmo alerta se tornou um problema em um ambiente com regras rígidas de silêncio e restrição de eletrônicos, como a sala de provas do ENEM.

Avanços e Desafios da Tecnologia para Diabéticos

Os sensores de glicemia contínuos são grandes avanços para o controle de diabetes, permitindo que o paciente monitore sua condição em tempo real, sem a necessidade de medir a glicose com picadas constantes nos dedos. Além disso, algumas versões desses sensores podem ser integradas a bombas de insulina, proporcionando um ajuste automático de insulina conforme a leitura glicêmica do momento.

No entanto, essa tecnologia ainda enfrenta desafios. O custo dos sensores de glicemia contínuos, por exemplo, é uma barreira significativa, uma vez que a maioria desses dispositivos não é acessível pela rede pública de saúde no Brasil. Outra limitação é a comunicação desses aparelhos com dispositivos externos, como smartphones, o que pode ser visto como uma questão de segurança em ambientes como escolas ou provas. Em muitos casos, estudantes com diabetes precisam se adaptar a essas condições sem a garantia de apoio ou compreensão.

A Necessidade de Políticas Inclusivas para o Uso de Tecnologia na EducaçãoO caso do ENEM deste ano mostra como o avanço tecnológico, embora útil, precisa ser acompanhado por políticas educacionais que compreendam as nuances dessas ferramentas. Permitir que estudantes com condições médicas utilizem dispositivos de monitoramento sem penalizações é um passo essencial para uma educação mais inclusiva. Para isso, o sistema educacional e os organizadores de exames precisam incluir tecnologias de assistência em suas listas de adaptações, evitando que a rigidez das regras crie barreiras para a inclusão.Uma alternativa viável seria oferecer salas de prova específicas para estudantes com necessidades tecnológicas, permitindo o uso desses dispositivos sem interferir no ambiente de outros candidatos. Esse modelo, já adotado em alguns exames de ingresso de outros países, pode equilibrar a equidade no acesso e a segurança das provas, valorizando o uso responsável da tecnologia em prol da saúde e da inclusão.

A exclusão do jovem no ENEM ressalta uma contradição: enquanto a tecnologia evolui para melhorar a qualidade de vida, sua adoção em contextos educativos ainda encontra resistência. Esse exemplo mostra a importância de continuar inovando não apenas na criação de novas tecnologias, mas também na maneira como as integramos em todos os aspectos da sociedade.

Referência: Itatiaia

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